sábado, 31 de março de 2012

poemas caiçaras


II
 
A caiçara fez um  pirão
E Todos piraram
E Respiraram
o Pirão de peixe pirado
deixa o estomago inspirado
A caiçara fez um pirão,
Uns  Sus pirão.
Outros  ins pirão
E Na Piração do pirão
transpirou respirou o  res pirão

quinta-feira, 15 de março de 2012

QUINTAL

As crianças desapareceram do quintal, foram levadas uma a uma pela vida, cada uma seguiu seu próprio caminho, ficaram as vozes e os risos das brincadeiras, que ainda ecoam nas lembranças que pintam as portas e as janelas de verde, de ilusão. No quintal ainda existe o catavento, a bomba d’água manual, que não bombeia mais água para saciar a sede das crianças no quintal. As portas e janelas verdes da casinha branca foram abertas uma a uma , ainda no nascer do dia, o homem com seus setenta e poucos anos saiu pela porta da frente, respirou o ar puro, caminhou até a bomba d’água manual, bombeou a água, lavou o rosto, saciou sua sede, olhou o catavento que se movia, sentiu o vento no rosto como se estivesse catando o vento assim como o catavento e como todas as manhãs atravessou o quintal e seguiu até uma árvore que ficava quase na subida do morro, onde nascia o pequeno riacho que passava lá no fundo do quintal, chegou junto à árvore, onde embaixo era a morada de sua esposa que se foi há álbum tempo, ajoelhou-se e orou como em todas as manhãs.

- Sinto saudades de você – murmurou baixinho

Sentiu o vento tocar seu rosto como se o beijasse, levantou, fez o sinal da cruz e voltou lentamente para casa, parou novamente na bomba d’água manual, que não bombeava mais água para matar a sede das crianças no quintal, matava a sede apenas de quem ficou sozinho catando o vento catado pelo catavento no quintal, que ficava muito além de qualquer litoral, bebeu água sendo observado pelos pássaros que estavam nas árvores ilustrando a manhã de sol, pintando de natureza o pequeno quintal. O homem que era observado pelos pássaros entrou na casinha branca com portas e janelas verdes, que estavam abertas, caminhou até a sala, pegou a espingarda de caça, que a muito tempo não pegava, havia muito tempo que não caçava, sentou no sofá com a espingarda e sentiu o cheiro da mata que observava pela janela. Lá fora os pássaros sobre as árvores fizeram silêncio quando sentiram as portas e janelas verdes da casa serem fechadas, ouviram o silêncio que vinha de dentro da casa, ouviram o vento pelas frestas entrar na casa, de repente partiram em revoada, todos de uma só vez, quando ouviram o grito da espingarda que ecoou em todos os cômodos da casa.

Arnoldo Pimentel

 

Esse conto faz parte da “Trilogia da Casinha Branca” caso o amigo(a) tenha um tempinho leia os outros dois nos links abaixo
 

ENQUANTO NOSFERATU PERCORRE A PAISAGEM DA SALA QUE FICOU ESQUECIDA NO VENTO

MURMÚRIOS DAS ÁGUAS





quinta-feira, 8 de março de 2012

ECLIPSE (Arnoldo Pimentel)

O eclipse cobriu
O olhar da lua
E ela serena
Adormeceu
Queria dormir para sempre
Não vale a pena acordar
Seja onde for
Não vale a pena
Acordar

quinta-feira, 1 de março de 2012

Hai-kai da Catástrofe




A catástrofe só interessa
Antes de se desfazer a demanda
Depois de já feita a merda.

Marcio Rufino