terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Maior Tecnologia da Educação




Me pediram para fazer um poema sobre tecnologia e didática
Mas há tantas provas, tantos estudos, tantos exercícios
Que não consegui realizar a proeza de forma assim tão prática.

Me pediram para fazer um poema sobre didática e tecnologia
Mas há tantos problemas, tantos pensamentos, tantas técnicas
Que mesmo tentando buscar em vários discursos, em diversas teorias
Não teve como atrair as palavras e organizar as métricas.

Mas quando o tema bate na porta do pensamento
E este sente o fusco-fusco da inspiração
Nascem divagações, fantasias e teoremas
Que tomam seus contornos e invadem a imaginação.

Pensei então na imprensa, filha de Gutenberg
Na expansão marítima das Grandes Navegações, mãe da globalização
Na "Belle Époque", filha da industrialização
Na aventura intelectual da internet.

Descubro que entre o desenho da letra no quadro negro à giz
E a pintura da parede de pedra na caverna
Há o instrumento, a máquina, a mola propulsora e natural
Que pela emoção, pelo ímpeto, pela ousadia
Cria as diversas linguagens e atinge suas metas.

Entre o retroprojetor e o data-show
Entre o dvd e o vídeo cassete
Há uma força geradora que a vida conclamou
E em nossos valores o caminho remete.

Entre a disciplina, a cultura e a preservação
Entre a sabedoria, o conhecimento e o encanto
Eis a maior tecnologia da educação
Que é o próprio elemento humano.

Marcio Rufino
Todos os direitos reservados.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

CALVÁRIO





 CALVÁRIO     
Autor: Arnoldo Pimentel                                                      

Talvez eu descubra o que existe
Dentro do quadro abstrato
Tarde demais
Fico pensando se valerá a pena

Descer os degraus do templo
E ficar de joelhos
Com os olhos vendados
Até ser beijado na boca
E sentir o gosto do sangue na garganta

Como um soco no estômago
Em pleno calvário
Olímpico

Alguns irmãos desceram os degraus do coliseu andino
E poderiam escolher entre o perdão do paraíso
Ou inferno prescrito
Na sua oração
Ou extrema unção
Mas não voltaram para me dizer

domingo, 14 de agosto de 2011

A Gambiarra Profana apresenta a Bagagem de Mão do Poeta Jorge Medeiros



Este vídeo é o registro do lançamento do livro Bagagem de Mão do Poeta Jorge Medeiros editado pela Gambiarra Profana e a Folha Cultural Pataxó.
O evento ocorreu no dia 11/12/2010 na Escola Municipal Heliópolis em Belford Roxo/RJ e contou com a presença de amigos, familiares e poetas locais como Arnoldo Pimentel, Márcio Rufino, Dida Nascimento, Adelino Filho, Fabiano Soares da Silva entre outros.
O vídeo foi registrado pelas lentes de Lenne Butterfly e Rodrigo Souza e conta com a trilha sonora composta por Sergio-SalleS-oigerS sobre a poesia "Bagagem de Mão" de Jorge Medeiros com arranjo e execução de Inon e Sergio-SalleS-oigerS que também assina a edição.
O livro Bagagem de Mão do poeta Jorge Medeiros pode ser adquirido no Mercado Livre neste link: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-197239424-bagagem-de-mo-jorge-medeiros-gambiarra-profana-f-c-pataxo-_JM

domingo, 7 de agosto de 2011

Negro Éden



Da floresta negra ao redor de mim
Só vejo a penumbra de uma luz vazia
Só sinto o calor gelado de um serafim
Só canto o que restou de uma vida luzidia
Há vultos que perambulam cabisbaixos
Pisando em galhos secos emaranhados.

Estrelas dançando um balé mórbido
Cinzentas nuvens vagando imponentes
A fauna se agitando num grito sórdido
A flora se erguendo, seguindo em frente.
Há rios vermelhos de groselha e de sangue
Há margens sinistras de areia e de mangue.

O azul-marinho desse intenso céu
paira lento no ar sedutor
Que rasga seu estranho e denso véu
Numa fracassada tentativa de sufocar seu fulgor.
Frutos que não alimentam, mas matam a fome
Sementes que não brotam, mas erguem um homem.

A folha seca é a roupa nua
O caroço carcomido é o alimento minguado
Ah quem dera ver tua carne crua
Ser violada por um pensamento alado.
Gozo que te jogue no inferno
Sofrimento que te erga ao paraíso eterno.

Mundo orgulhoso por vencer o bem e o mal
De servir e de se negar a toda essa gente
Que supera o sabor insípido do açúcar e do sal
Mundo livre; protegido de Deus e da serpente.
Ambiente puro por reconhecer sua perversão
Ambiente resolvido por assumir sua questão.

Marcio Rufino
Todos os direitos reservados
Imagem: Foto de Christian Cravo

CENAS DE ARNOLDO PIMENTEL





VAGO OLHAR DE MINHA MÃE (Saudade)
Beiral da janela
Pintura vazia na tela
Triste sem ela

PORTA (Incerteza)
Poderei estar abrindo
Um céu de incertezas
Que nem mesmo sei
Se existem

CLITÓRIS (Vida)
Além do farol
Mergulho no clitóris
Do seu coração


AUSCHWITZ (Depois de Tudo)
Nada existe
Além de Auschwitz
Coisas da vida

Poeira no asfalto
E nada nos salvará